O que acontece às crianças quando crescem?

Esta pergunta foi colocada num filme que vi, o qual não lhe deu resposta. Mas deixou-me a pensar. O que acontece realmente às crianças quando crescem?

Algumas seguem todo aquele percurso já idealizado pelas gerações antecedentes, que inclui o pacote universidade-emprego-casa-carro-casamento-filhos e, férias ocasionais, tudo de acordo com o previamente definido. Sem grande margem para invenções ou criações de espécie diferente. Por outro lado, existem aquelas crianças que apesar de crescerem ao som do mesmo “pacote de vida pré-definido” (do género daqueles questionários que já vêm com quase todos os campos preenchidos e só temos de acrescentar uns quantos dados pessoais), questionam esse tipo de vida e ousam libertar-se, seguir outros caminhos. Caminhos verdadeiramente escolhidos por si. Estas crianças são as chamadas insatisfeitas, rebeldes, as que questionam tudo e escolhem seguir um caminho diferente, menos aclamado e mais incerto. Com certeza muito mais criticado. Porém, isto apenas tem um nome: chama-se liberdade. E há poucas crianças que crescem a saber fazer uso dela. Parece que o conceito ficou algures perdido entre o medo de arriscar e o medo de falhar. O medo de ser genuíno.

E desta forma, apercebemo-nos de que existem muito poucas crianças que crescem adultos livres e conscientes. Que usam o poder de decidirem as próprias vidas. Às vezes esquecem-se, outras vezes apenas têm medo de o usar. Para alguns é mais fácil seguir a multidão, para outros é simplesmente impensável. Para além de tudo isto, quando crescem as crianças vão perdendo aquela ingenuidade e espontaneidade características. Sonham menos, voam mais baixo. Vão deixando de sorrir só porque sim (adoro este tipo de riso) e tornam-se cada vez mais da cor do mundo. Quando penso nisto, tenho cada vez mais a certeza de que não quero crescer. Quero ser uma criança adulta. Mas acima de tudo, criança.